UM HOMEM, UMA MULHER E ENTRE ELES A TPM !

-Então meu amor vamos jantar naquele seu restaurante preferido e depois ir a um cineminha?- pergunta o companheiro querendo agradar.

-Você só pensa em comer! Que cara mais insuportável pegajoso me deixa.Come meleca!

-
Ontem você me pediu para comer baião de dois, aquela comida nordestina que você adora lá no restaurante, Ceará Delivery.

-Baião de dois! Baião de um, ouviu? Aqui em casa só tem um, e as “segundas” estão na rua, aquelas periguetes, piranhudas que levam sua grana, otário e babaca!
Não quero mais conversa, porra! - finalizou foguenta, esbravejando, tossindo e enrolando o cabelo em forma de coque atrás da cabeça , prendendo com um lápis enfiado à moda: esculhambou geral !

Tereza Maria e Pedro Paulo vivem juntos a seis anos e invariavelmente, entre beijos e abraços, uma relação sexual rapidinha, eventualmente pela manhã, e algumas mais prolongadas finais de semana. Ninguém ousaria dizer que este casal não tenha nascido um para outro.


Uma explicação necessária:
Excetuando uns quatro ou seis dias por mês, nos quais Tereza Maria é invadida por umas ondas de calor,severa distensão abdominal, vontade de chorar, absoluta falta de apetite, insônia, e uma irritabilidade persistente, capaz de enxotar até os gatos do telhado.
Inchaços generalizados, nas pernas e rosto. Agressividade destas de jogar pratos, copos, falar muitos palavrões, lembrar que foi traída logo no começo do relacionamento com a ex-noiva do cara - sendo que ele ainda era noivo, não é incrível? Naqueles péssimos dias do mês Tereza Maria não perdoa o companheiro por ter sido noivo. Pode?
Uma ansiedade que a impede de sentar até no vaso sanitário e ficar parada mesmo que seja, por uns poucos minutos, e usa compulsivamente o controle remoto como se fosse uma metralhadora.

Ela é envolvida por um absoluto sentimento de rejeição, desesperança, dor de cabeça alucinante que a faz ingerir muitos comprimidos que não cessam a dor, e trazem outras conseqüências indesejáveis, como uma sensação de que o estômago dela está “grávido” e vai estourar.
Além disso, o aparecimento de algumas acnes, invariavelmente, que nascem com o intuito de chatear ainda mais, a coitadinha, e bem na ponta do nariz.

Voltemos pois, ao diálogo do casal:


- Portanto, enfia este baião de dois bem no meio do seu...


-Pára, Tereza Maria, não sou obrigado a ter TPM, com você, vai se tratar, desbocada.

-Escuta aqui Pedro Paulo quem te disse que eu estou com TPM, eu nunca tive isso, seu bastardo, mentiroso, nojento. Agora você, sim, me passou herpes genital, se lembra seu devasso? E labial também. Você é um andróide infectante e ambulante!

-Tereza Maria, é inadmissível que em pleno terceiro milênio, você uma mulher de nível uma terapeuta, culta, ainda sofra desta porcaria. Vá a um ginecologista, sei lá...

-Vou Pedro Paulo, vou ao ginecologista e vou dar também pra ele, está bom assim?

-Você me respeita, ou eu perco a cabeça e quebro a sua cara!

-Vem, vem, machão de merda! Taí a lei Maria da Penha, encosta a mão em mim, seu covarde!

Pedro Paulo recua e senta no sofá, rindo às gargalhadas. Todo mês é esta mesma baixaria, e ele sabe que quando o “encosto” vai embora Tereza Maria é uma mulheraço que o deixa absolutamente, louco.
Ele gosta muito dela,das suas coxas, dos seus peitos, da sua cara de mulher sensual, da sua boca e o que ela sabe fazer com aqueles lábios.

Dos seus gemidos que o excitam completamente, na hora do vamos-ver-minha-filha, e da maneira como ela se insinua. Mulher boa de cama e mesa.
Cozinha bem. A comida de Tereza Maria tem cheiro e sabor diferentes.
E Tereza Maria é uma psicóloga. Mulher inteligente, com pós-graduação em psicanálise, tem uma excelente clientela e contribui, na manutenção daquela bela casa própria que os dois compraram há pouco tempo.
E além disto Tereza Maria é realmente uma mulher muito culta, boa filha e gostosa pra cassete.E bota gostosa, nisto!

-Esta rindo de quê Pedro Paulo? Qual é a palhaçada agora seu corno?

-Ah, também sou corno, Maria Tereza?

-Tecnicamente, não. Mas estou pensando seriamente, em devolver a você as traições que você me faz.

-Tereza Maria eu sei que homem é safado mesmo, mas eu não tenho nenhuma razão para lhe trair amor.Você é tudo pra mim...

-Sou! Inclusive, sua escravinha. Já esqueceu daquela lingerie preta que te pedi e aquela bolsa, que vimos e você prometeu? Pensa que já esqueci também, que você disse que iria me dar outro carro, agora um zero quilômetro? Sem falar no vestido que você adorou daquela loja no shopping. E o livro? Seu men-ti-ro-so! Não é pelo dinheiro, é pela lembrança, desgraçado. Cala essa boca...

-Você t
em razão, eu prometi e vou dar.Agora dá um beijinho gostoso, vem cá meu animalzinho.

-Animalzinho é a tua mãe. Ela sim tem TPM aquela velhaca. E quanto ao que você me prometeu, pode enfiar tudo e novamente bem no meio do seu...

-Tereza Maria, chega! Não sou obrigado a escutar isto e vou dormir - interrompe aquele homem vitima, também, das explícitas impertinências e incômodos terríveis de uma mulher que fora desde período fatídico e incontrolável é melhor do que uma lua de mel de um ano em Dubai.



E sem TPM.

Lógico, afinal Tereza Maria é só um pouquinho nervosa, em certos dias, dependendo da lua. Sim, e também, dos astros. Enfim de tudo um pouco...

Bobagem!

E por sentir ainda os lábios das nossas mães, nos nossos rostos, testa, cabelos e nos babando todo, aqui vai um pedido, sob a forma de recomendação:
A síndrome da Tensão Pré-Menstrual –TPM é tratável através de um arsenal de medicações existentes. Você não precisa viver dias de mulher derrotada pela dor e desconforto psicológico.
Você mulher guerreira, que nos deu a vida, nos embalou para adormecer ao som do “boi da cara preta” que no início dava até medo, pois você dizia que, ele vinha nos pegar, mas ao mesmo tempo nos agarrava com tanto amor e carinho que o som do "boi,boi,boi" ficava sendo,igual aos do ritmo dos nossos corações que se transformavam em um só. E o seu calor nos adormecia!

Você mulher do terceiro milênio, agente de mudança que vai transformar esse mundo num grande jardim de flores, paz e esperança que, nos agasalhou neste útero sagrado, nos alimentou com seu néctar da vida, agora e para o futuro:Chega!!!

NEM PARECE, MAS TAMBÉM, JÁ FUI CRIANÇA !


Eu nunca desejei falar de flores, amores, encontros, final feliz, mas tenho pensado que não custaria nada tentar.

Então, coloquei-me sentado no alto da montanha das minhas fantasias e ao olhar ao meu redor, vieram-me às recordações da minha primeira namorada de infância, quando tudo ainda era sonho, entre os mais maravilhosos delírios afetivos e impossíveis de se concretizarem: o amor de duas crianças.

Hoje eu sei que ela existiu, mas não tem rosto, nem formas físicas, apenas uma saudade cruel que, por provocar-me arritmia, sei quando ela está por perto.

Minha primeira namorada tem nome: Sônia

Tem cheiro: de inocência.

Local também: minha vizinha.

Idade: provavelmente, seis anos.

Escrevia-lhe o nome trocando o N pelo M então as cartas que lhe mandava começavam assim: Ninha querida Somimha.

Creio que como ela também, deveria ler muito mal os meus erros nem eram notados, apenas deveria ver os corações, com aquelas enormes flechas – que hoje sei, são de cupido – que eu desenhava em folhas de jornal e os pintava com lápis de cor vermelho, colando-os na carta.

E o papel era o dos meus cadernos da escola que, por esta razão, as outras folhas iam se soltando e minha professora fazia insistentes queixas a minha mãe.

Meus cadernos viviam desabando, mas meu coração era sempre arrumadinho.

Eu, por amor a minha Soninha, nunca disse que era para escrever cartas para ela.

Levei, por causa disto, alguns benditos puxões de orelha, mas a causa era nobre.
Valeu!

Meu silêncio era como se eu não quisesse trair o calor do sol, o perfume daquela flor de jasmim ou ser castigado por Deus e ficar cego, não podendo então, nunca mais, ver a beleza de uma árvore de flamboyant em flor com seus cachos vermelhos dependurado que, ao caírem inundavam a rua de beleza e agora, o meu coração, de saudade!

Nunca a beijei, jamais senti a textura dos seus cabelos, nem a suavidade de sua pele, porém não sabia viver as noites sem ela. Nem os dias.

Amor de criança é muito mais verdadeiro. Não tem libido, feromônios, nem atração física é só vontade de estar ao lado, sentir a proximidade, ou o calor à distância do corpo, e à noite abraçar-se ao travesseiro e beijar-lhe a fronha, suavemente.

Lógico, pensando nela.
E por uma só vez, tive o atrevimento de dar-lhe um ramo de flamboyant em flor.





Ela apanhou e saiu correndo!

Foi assim que amei Soninha, tão simples e verdadeiro que, desapareceu fisicamente, da minha presença, mas nunca dos meus mais intensos, belos e inacabáveis devaneios.

Então, vocês nunca pensaram que eu seria capaz de falar de flores, não é?

PARA OS HOMENS, O QUE SERIA MELHOR DO QUE UMA MULHER ?





-Várias.

-Mulher rica, com no mínimo, um milhão.

-Mulher muda.

-Mulher que goste de fazer massagem relaxante com todas as suas variáveis implícitas decorrentes, inevitáveis e endurecedora.

-Mulher que não finja que já está dormindo.

-Mulher que atinja ao orgasmo, sem ficar detalhando, que foram múltiplos e infinitos, deliciosos,variados,bem temperados como se estivesse falando do almoço de domingo.

-Mulher que não fique pedindo para você “ir junto”, naquela hora decisiva, que nem ele sabe se vai!

-Mulher que não tenha a síndrome de locutora no rala e rola, tipo: Isso, aí mesmo! Mais pra baixo, pro lado, agora pra cima, eu disse pra cima seu asno, mais um pouco, assim, vai, vai, vai, espera.Vamos... E no final ainda pergunta: foi bom!

Mulher que goste e torça pelo mesmo time de futebol que o seu marido.


-Mulher que acredite em todas as suas mentiras.

-Mulher que não goste de cartão de crédito.

- Mulher que deteste severa, aguda e irreversívelmente, ir ao shopping.

-Mulher que não exija aquelas eternas preliminares às seis horas da madrugada de segunda-feira, dia de trabalho...Lógico!

-Mulher que não interrompa a ritualística sexual com observações, tipo:
- “Ah desculpe, querido antes de você gozar tenho uma coisa importantíssima para lhe contar...”.

-Mulher que não tenha ciúme daquela vizinha gostosa que está dando mole para seu maridão.

-Mulher que fica perguntando de meia em meia hora: Tô cheirosinha?

-Mulher que fica mandando você abrir a torneira quando seu xixi, não quer sair e depois fica perguntando: Já fez, benzinho?

-Mulher que pergunta histérica e insistentemente, se você levantou a tábua do vaso sanitário e, como complemento: se urinou no chão.

-Mulher pão dura que pergunta indignada: Nossa já acabou o papel higiênico?

- Mulher compreensiva que reconhece que o homem precisa variar de vez em quando, para ter uma saúde sexual inabalável, diferenciada, multifacetada, ampla, geral e irrestrita!

-Mulher que tem sempre alguma sobra do seu salário para emprestar ao companheiro.

-Mulher que na época da TPM vai para a casa da mãe dela.

RESPEITÁVEL PÚBLICO : HOJE TEM SACANAGEM ? TEM, SIM SENHOR !



Ando meio abatido e as minhas fantasias afetivas abaladas pelo que transformaram, impunemente, aquilo que um dia já foi um tão esperado e desejado, beijo na boca.

Nestas baladas e bailes raves, nos quais faz-se uma verdadeira olimpíada de beijos na boca , dependendo das quantidades e como são as pegadas, você pode ganhar além de muita saliva, quem sabe também, uma significativa troca de virus e bactérias indesejáveis? Tem de tudo!






Agora, também nos programas de televisão, juntam-se casais que nunca se viram e num deles, aos domingos, o melhor beijo na boca ganha um mil e duzentos reais, sendo, seiscentos para cada um do casal, e no outro, aos sábados à tarde, os rapazes conhecem a menina ali na hora, sorteiam de dentro de uma sacola ao som de uma música cuja letra é, bole, bole, bole, mexe, mexe, mexe, e tiram a sorte que pode ser selinho, beijo no canto da boca, beijão e beijão com pegada.

Na quase totalidade dos casos o casal dá logo é um beijão com pegada, seja qual for o cartão sorteado e a câmera fica focalizando aquelas línguas, aqueles lábios, enfim, aquelas bocas, se engolindo e virando-se pra lá e pra cá, com as cabeças entortando-se de forma brusca e, nervosamente querendo demonstrar a melhor performance.

Um quadro típico de uma em situação característica de um ataque surpresa de epilepsia.

Caracas!

Em ambos os programas, o auditório vai a loucura, como se estivessem no antigo Coliseu romano onde o público ensandecido pedia aos gladiadores: Morte, morte, morte!

Neste caso, moderno, o auditório em crise histérica coletiva instiga o casal: Trepa, trepa, trepa!

O que é isso?

Antes de tentar explicar, deixe que eu lhes conte que, tempos atrás, conheci um senhor com seus quase oitenta anos de idade e naquela época estava no auge da moda, a minissaia, daquelas, bem no meio das coxas.

Este senhor então me disse:

- “Meu filho se na época que eu tinha vinte anos, as mulheres usassem estas saias, elas todas seriam estupradas em praça pública. Os homens da minha época, jovens e cheios de hormônios, não agüentariam ver uma mulher nua deste jeito!”.

Voltando ao beijo na boca.

Eu não tenho oitenta anos, um dia chegarei lá, mas sou da época que os homens chegavam até ao orgasmo ao dar um beijo na boca de uma mulher.

Hoje, os caras e as meninas ficam vários minutos se engolindo na frente das câmeras e ninguém goza?

Parecem que acabaram de chupar uma laranja, comer um sanduíche de mortadela...

O que está errado nesta história?

É que o erotismo do beijo na boca foi tão banalizado e substituído por um ato de exibicionismo, absolutamente, circense!

Não tem mais nenhum segredo, intimidade, jogo de sedução, mistério, nem absolutamente, nenhuma dificuldade, enfiar a língua na boca de terceiros, quartos, quintos... Que saudade!
Não tem mais conquista, pois afinal de contas a boca, a língua e o escambau, são coisas muito íntimas, sim!

Virou um esporte, como tiro ao alvo, ou no futebol, bater um pênalti, no basquete fazer uma cesta e no boxe botar o outro a nocaute.Acabaram-se as fantasias!

E por aí caminha também, fazer a prática do sexo.

Deixo bem claro que tudo isto que está acontecendo agora, e por mais paradoxal que pareça, sempre foi o grande sonho do “homem de ontem”, chamado de machista, predador, chauvinista ...e o que mais?
Lembram-se !
Este modelo de prática da sexualidade sem restrições, suruba total, mulheres absolutamente, disponíveis e entregando-se sem exigirem os menores esforços para serem conquistadas foi construído, e consentido exatamente, após as mulheres terem - e com todos os méritos - conquistado com lutas e muitos sofrimentos o atual patamar de liberdade social.

Onde foi que erramos?

Olha, ficou muito sem graça e, repito, se há alguns anos os homens torciam para que o sexo chegasse neste estado de liberalidade em nos encontramos, agora ao chegarmos, a gente fica lamentando de ter imaginado que isto se tornasse possível, um dia.
E tem homem que já nem larga, mais o seu, com medo de sequestro.
Então, meu amigo, freia este trem por aqui, pois corremos o risco de congelarmos nossos sentimentos, nestas tempestades de neve libidinosa e demonstrações pífias de sexualidade
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