AS SANTAS DE CASA E AS DA RUA.

                                       

Eu não sou daqueles homens fáceis, mas com extrema facilidade uma mulher me leva para cama.


                                     
Por isso, sempre penso se não estou naquela linha divisória entre o promíscuo e o carente, achando sempre que, a segunda hipótese seria a mais apropriada e que me absolveria para continuar semeando e procriando, nesta imensidão das terras férteis da generosidade feminina.
A decisão estratégica de sempre optar pela hipótese de apresentar-me como um necessitado e carente abandonado torna, por outro lado, desnecessário pagar um profissional para dizer-me o óbvio , ou seja, que eu deveria por mim mesmo reestruturar-me internamente,varrer as sujeiras da minha psique, fazendo uma análise profunda em todos os estágios da minha consciência.
Ou seja amadurecer!Mas confesso que,fazendo isso, posso passar do ponto e apodrecer e ainda iria pagar para escutar esta verdade?
Negativo! Então, venho tentando é recorrer às próprias mulheres, minhas adoráveis cúmplices sobre estas dúvidas constantes.
É evidente que sou mais vitima de uma sociedade repressiva e hipócrita que sempre associou prazer à culpa e pecado,então sou mais um!
Minha primeira tentativa foi absolutamente inócua, pois ao buscar obter resposta daquela loira gostosa, constatei consternado que ela não sabia sequer o que era promiscuidade, prejudicando desta forma que pudesse dar-me a mão, porém,não posso negar, o resto ela me deu com inesquecível generosidade e louca performance.
Muito generosa!
           

 Pr       Outra amiga,procurada por mim, com a qual sempre mantive uma amizade colorida pois, ela tinha muitas tatuagens vermelhas, outras azuis e algumas outras roxas, sendo porém a maioria delas, vermelhas, azuis e roxas,tudo junto e misturado.Verdadeiro arco-íris de sensualidade. A isto é que eu chamo uma verdadeira, amizade colorida!
Tipo da mulher que se você emoldurar e colocá-la na parede será sucesso em qualquer exposição de arte abstrata, moderna e o escambau.
No entanto,se recusou a dar "conselhinhos" e quase vestiu a roupa e foi embora, dizendo que estava ali para esfregar suas tatuagens em mim e não, transformar-se em consultora sentimental, pois tinha pouco tempo para dar uma “rapidinha”.
Fracassei, também!


Então, num destes presumíveis atos promíscuos ou carentes atividades de alcova convidei uma grande amiga, mulata, cheirosa, cabelos tipo africano, coxas monumentais, ancas largas e generosas de mulher parideira, sorriso incomum e franco com todos os dentes escancarados, além de umas nádegas enlouquecedoras.
E para enlouquecer-me ainda mais, os olhos dela eram de um verde- oliva de fazer inveja aos uniformes do nosso exército, um lindo nariz fino de ponta arrebitada e uma boca carnuda com aquele charme explícito de desejo e sedução.
Tais predicados sepultaram, não em cova rasa mais sim, profundíssima, minha curiosidade filosófica – cultural e confesso que nem sequer tive o atrevimento de perguntar-lhe nada, e sim... De fazer tudo!
Com ela minhas descobertas foram muito prazerosas e tive um trabalho insano e compensador desbravando como um colonizador enlouquecido,a beleza daquele novo continente feminino descoberto.Porém continuava sem resposta!


Lembro-me também que, um dia, numa atitude desesperada perguntei a minha, hoje ex-namorada de saudosa memória,verdadeira santa da minha casa afetiva, com a qual vivi dez pouquíssimos  anos e sempre prometendo casamento, o que ela achava daquela conduta de um “amigo meu”, suposto e imaginário que vivia procurando e de forma compulsiva, muitas mulheres.
No entanto, como naquela época eu era um provedor muitíssimo comedido e sonegador confesso de prazeres carnais a ela - excetuando os rodízios fartos, quando eventualmente íamos a uma churrascaria - ela suspirou e disse:
-Queria ser uma delas! – cravando assim uma imensa estaca de madeira de lei no meu peito e, pobre coração incompreendido.
E completou ainda que, devido à escassez das vezes que eu a procurava para dar-lhe um insosso orgasmo com aquela escassa e rotineira periodicidade mensal, tinha que aproveitar aquele raro momento, arrematando:
-Este safado e promiscuo “seu amigo” que procure um profissional, pois agora, como a farinha é pouca, meu pirão primeiro- encerrou bufando aquele desabafo característico de charminho: afffff!
Vejam, recomendou exatamente, o que eu nunca quis admitir e me ensinou para o resto da vida que, santa de casa não faz milagre e muito menos as da rua!

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