LEI CLODOALDO PRAXEDES?

                                   


                                                              




Acordou como se tivesse tomado uma surra violentíssima, Seu corpo estava tão dolorido que mal conseguia levantar-se da cama. Mas afinal o que teria acontecido? Com muito esforço foi ao espelho e ao olhar-se viu que seu rosto estava estranho e com os olhos pretos ao redor, como se dois socos muitos potentes os tivessem atingido.
Seus lábios inchados, não dava mais para fechar a boca e todo o seu corpo estava marcado por dentadas e unhas perfurantes.
Não acreditava naquela visão aterradora das marcas no seu corpo. E começou a tentar lembrar-se do que tinha acontecido naquela noite.
Chegara a conclusão que antes de dormir estava em perfeito estado físico e agora...
Aos poucos, no entanto, algumas lembranças começaram a vir a sua mente, eram fugidias lembranças...
Escutou uma voz lá no fundo da casa:
-Clodoaldo Praxedes, comprou minha cerveja?
-Não tive tempo Maria, trabalhei feito um louco, arrumei a casa toda, o banheiro estava um chiqueiro, tinha calcinha suja até debaixo da cama, o chão estava coberto de farelo de pão, pedaços de mortadela, cinzas de cigarro. Você está fumando muito Maria.Você tem que parar de fumar Maria!
-E o que você tem com isto? O pulmão é meu e que se dane. E outra coisa:  onde está a blusa preta que eu pedi para você passar?
-Não deu tempo Maria.Foi mal!
-Clodoaldo,lógico que não deu tempo. você só fica conversando com estes vagabundos e cachaceiros iguais a você, no botequim, fica paquerando estas mulheres periguetes sem-vergonhas casadas aqui do bairro.Você é um homem casado seu pústula .Tenha mais responsabilidade.Olhe o futuro dos seus filhos.
-Maria se você me ofende injustamente, só porque além de fazer todo o serviço de casa eu esqueci de passar sua blusa, então eu também tenho até o direito de chamar você de qualquer coisa ,inclusive de piranha, porque quem tinha que fazer estes serviços de casa era você.
-O quê, Clodoaldo? E quem traria dinheiro pra esta casa? Você me chamou de piranha, seu bebum, disse que eu sou vagabunda, não faço as coisas da casa? Eu faço hora extra na empresa todo dia, então, quer saber eu vou te encher de porrada, seu frango de macumba.
E não deu outra, Maria,partiu para cima de Clodoaldo Praxedes e acertou-lhe gratuitamente um soco na boca.
Voaram dois dentes. E pior os da frente da boca.Dava-lhe ponta-pés no saco escrotal que chegaram a fazer omeletes dos seus infelizes ovos.
Clodoaldo gritava por socorro, mas a vizinhança dizia que em briga de mulher com homem, ninguém deveria meter a colher.
E Clodoaldo continuava a tomar porrada. Isto era todos os dias, pois Maria chegava bêbada em casa, frustrada por não ter transado com aquele homem que ela estava paquerando,seu dinheiro no banco a zero e Clodoaldo Praxedes só vivia reclamando que precisava de dinheiro para as compras, pagar o colégio da criançada, comprar água sanitária ,macarrão, batata e o escambau.
Maria aos berros dizia que se ele bebesse menos, o dinheiro sobraria e dava mais porrada no Clodoaldo Praxedes.
-Maria , eu nem bebo- respondia timidamente quase entrando no armário.
Maria ficava mais nervosa ainda com a covardia dele e continuava a bater no Clodoaldo Praxedes. Ele sozinho e a quem recorrer, trancava-se no quarto e chorava.E depois dizem que homem não chora, não é?
Ledo engano!
Maria chegava até a jogar-lhe panela na cara, dava rasteira, soco na barriga, na cabeça e Clodoaldo pensando na  família , nos filhos, no lar engolia a seco ,tudo pela harmonia doméstica ele fazia.
A vida de Clodoaldo Praxedes,no entanto  era um inferno!
Sexo,Clodoaldo só via pela Internet, pois Maria estava sempre cansada e quando pintava um clima , Maria fazia um sexo tão rápido que Clodoaldo reclamava muito e sem as insubstituíveis preliminares, nenhum beijinho mais demorado e ela era egoísta , pois se satisfazia e empurrava o Clodoaldo para o lado. Ele ia dormir cansado e insatisfeito, depois de ter realizado todo o trabalho de casa e não ter podido sequer dado uma minima trepadinha!
De repente a campainha da casa tocou e Clodoaldo quase caiu da cama.Só então percebeu que dormia e sonhava.
Atordoado nem comentou nada com Maria , mas se tinha alguma dúvida da necessidade de algumas leis para proteger melhor os cidadãos e principalmente os homens indefesos agora não tinha mais, e à partir daquele pesadelo ele iria lutar em praça pública pela Lei Clodoaldo Praxedes contra a tirania e violência covarde das mulheres contra homens indefesos e quase santos.

A MÃE DOS FILHOS...DELA!



                                                                                             



Theófilo Praxedes vivia angustiado e a ponto de perder a cabeça com as maracutaias afetivas de sua companheira Lucia Helena.

Ele era um destes brasileiros pouco privilegiados pela sorte pois era pobre , feio e vivia desempregado.

Já a sua companheira dotada de esplendorosa formatação física parece só tinha errado era na casa que tinha entrado e optado por viver com o dono dali,pois Theófilo Praxedes era sem dúvida, para ela o último dos piores partidos daquela redondeza.

Lucia Helena era assediada descaradamente por gregos, troianos, romanos e todos os microempresários da área como os laboriosos padeiros,açougueiros, donos de bazares de um e noventa e nove,vagabundos de plantão,enfim todo mundo queria numa linguagem chula mais verdadeira, comer a mulher do pobre incauto.

No reino animal em geral, os machos predadores conhecem bem qual deles pode ter proeminência sobre o outro e uma vez identificado a fraqueza do opositor, o golpe fatal na sua caça ou na sua fêmea será inevitável.

E neste cenário de confrontos o Theófilo Praxedes era mais indefeso e vulnerável do que um mosquito na teia de uma astuta aranha.

Apesar de consciente de sua tragédia afetiva, costumava a responder para todos os seus verdadeiros e fiéis amigos que o alertavam sobre a excessiva generosidade da sua companheira ao ceder de forma total e irrestrita aos assédios de terceiros, que a perdoava pois, ela era a mãe dos filhos dele!

E muitos dos seus amigos se emocionavam e iam às lagrimas com o Theófilo Praxedes, diante daquela justificativa muito forte, sempre acompanhada de inevitáveis solavancos e choros convulsivos pois, apesar de reconhecidamente corno e assumido, interessava-se somente, em lutar para manter sua ninhada debaixo do mesmo teto.

O fato de Lucia Helena ser a mãe dos filhos dele tinha mais significado e força para Theófilo Praxedes que os maiores tsunamis, os vulcões mais violentos e os mais devastadores dos maremotos .

Era o ônus de um fracassado perante a mãe dos filhos dele!

Revoltados, agora eram os próprios amigos dele que , passavam a engrossar a fileira interminável daqueles que também queriam dar uma beliscada na Lucia Helena, numa espécie de histeria coletiva de punição e vingança ao fraco Theófilo Praxedes e jamais encontravam nenhuma resistência às suas invasões bárbaras ao território dos prazeres de Lucia Helena para cravar sua espada!

No entanto, numa bela manhã de verão de um fim de semana calorento, um dos seus amigos mais fiéis bate a sua porta e o convida para tomar uma cerveja no bar da esquina, oportunidade na qual iria ter uma conversa definitiva e esclarecedora com ele, porém Theófilo Praxedes nega ao convite pois, Lucia Helena acabara de sair para ir a praia e o deixara sozinho com os filhos dele.

Então frustrado e acometido de uma ira quase apoplética pela tentativa inglória de tirar o corno daquele lodaçal , o amigo joga pesado e dispara uma sentença premonitória na cara do Theófilo Praxedes ao afirmar com a jugular inflada que, aquelas crianças não eram filhos dele.

E mais, conseguiria exame de DNA para que fosse constatada aquela sua insinuação baseada em tristes evidências que todo mundo via com as enormes lentes da verdade.

Apesar da resistência de Lucia Helena foram feitos os exames e constados que, realmente nenhum dos filhos era dele.

O amigo então, sentiu-se com a certeza do dever cumprido e por ter resgatado a verdade que poderia dar a Teófilo Praxedes a oportunidade de respirar agora um ar menos poluído de traições e aceitar separar-se de um corpo pecaminoso que tanto o humilhava naquela rua, naquele bairro e perante todos.

Porém, para surpresa geral o traído continuava a não admitir sair daquele covil de infidelidade conjugal, mudando agora a desculpa e as razões dos seus argumentos em relação àquela situação degradante, pois se antes não deixava Lucia Helena porque não teria coragem de afastar-se da mãe dos filhos dele, agora afirmava que não teria nunca a intenção de abandonar a mãe dos filhos... dela!